Lída Baarová (Lída Baarová), drama histórico e biográfico de Filip Renc, 2016.
ENREDO: O que a senhora Baarová (Simona Stasová) mais queria era que a filha mais velha, Lida (Tatiana Pauhofová), trilhasse uma bem-sucedida carreira de atriz, o que ela mesma não conseguira.
Da Tchecoslováquia natal para a Alemanha dos anos 30 foi um rápido passo para a filha e a chance de trabalhar ao lado do ídolo Gustav Fröhlich (Gedeon Burkhard) vale os intensos esforços da jovem para perder o sotaque. Conseguir o amor de Fröhlich e fazê-lo deixar a esposa é a conquista seguinte. Mas, quando o casal se torna vizinho do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels (Karl Markovics), é criada a receita para a desgraça de Lída. Cada vez mais seduzida pela inteligência e conversa deste (jocosamente apelidado de “anão manco”, mas dono de fama de conquistador e excelente orador) e cada vez mais irritada com a demora de Gustav em obter o divórcio da primeira esposa, Lída deixa-se envolver por Goebbels e, com a tomada definitiva da indústria cinematográfica alemã pelo nazismo, acaba por tornar-se ela mesma uma poderosa figura. Mas, por mais que a esposa de Goebbels, Magda (Lenka Vlasáková), tolere as inúmeras amantes do marido, ela não vai admitir a ideia de que uma delas possa lhe tomar o marido. Talvez Lída devesse ter escutado melhor o pai (Martin Huba); talvez ela também devesse ter aproveitado sua fama e aceitado o convite para trabalhar em Hollywood, no lugar de ceder à tentação de um romance que tinha tudo para trazer trágicas consequências, não só para si como para sua família.
TRAILER:https://vimeo.com/169358410om https://vimeo.com/169358410om
AVALIAÇÃO: O filme é levado como um docudrama, como uma pretensa entrevista de uma jornalista (Hana Vagnerová) a uma já idosa Lída Baarová (Zdenka Procházková). Um pouco lento ao mostrar a ascensão de Lida até chegar ao romance com Goebbels, o filme é muito interessante por mostrar como os princípios “puristas” deste podiam ser facilmente deixados de lado quando procurava agradar a amante (chegando a poupar uma atriz judia). Bom, como o filme mostra depois, certas “correções de rumo” são impostas a Goebbels. O que surpreendeu foi que, apesar de o filme dar a impressão de que abordaria apenas o romance de Lída (aliás, ela e Goebbels realmente pareciam apaixonados), ele foca também no período comunista no pós-guerra e nas trágicas consequências das decisões de Lida. E não deixa passar em branco a perseguição aos judeus e a famigerada Noite dos Cristais, parte do contexto em que Lída viveu. Vale a visita!