Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks)


Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks), drama biográfico com toques cômicos de John Lee Hancock, 2013.

Enredo: É o início dos anos 60 e Walt Disney (Tom Hanks) está quase conseguindo cumprir a promessa feita há 20 anos a seus filhos: fazer a personagem Mary Poppins “voar” das páginas dos livros de P. L. Travers (Emma Thompson). Mas a autora não concebia ver sua personagem transformada em “mais um dos tolos desenhos” de Disney, ainda mais num musical, e por isto sempre se recusara a ceder os direitos. Porém, com suas reservas financeiras agora escassas talvez seja bom ceder ao apelo de seu agente (Ronan Vibert) e ouvir o que Disney tem a dizer.
Travers logo mostra sua “simpatia” ao motorista (Paul Giamatti) que Disney lhe envia, descrevendo Los Angeles como uma cidade que “cheira a cloro e suor”. Para os outros, inclusive para Disney, Travers nao é “Pam”, mas “Sra. Travers”. E Disney, que gosta de chamar e ser chamado pelo primeiro nome, nao é “Walt”, mas “Sr. Disney”. Mais ainda, Mary Poppins nao é “Mary”, mas sim “Mary Poppins”… Nem as cestas de frutas ou os bonecos da linha Disney comovem a autora. Pelo contrário, parecem irritá-la… Vai ser duro lidar com esta senhora…
Assim é que, logo nas primeiras conversas com o magnata, ela impõe a condição de poder intervir na confecção do roteiro. Intervir? Para ceder os tais direitos, ela:
• Exige que todas as conversas da fase de criação sejam gravadas
• Exige que o roteiro não inclua cenas com desenhos animados, como planejava Disney
• Interfere nos desenhos que serão usados para construir a casa e a rua onde se desenrola o filme
• Veta o ator Dick Van Dyke no papel do protagonista
• Poda a liberdade criativa do roteirista Don DaGradi (Bradley Whitforf) e dos compositores da trilha, os irmãos Robert e Richard Sherman (B. J. Novak e Jason Schwartzman), com seu novo vocabulário para o filme, como o famoso “supercalifragilisticexpialidocious” – algo inaceitável para a rígida autora.
Em paralelo com esta trama, corre a da infância difícil da autora (então interpretada por Annie Rose Buckley), a mais velha de três pequenas irmãs, ao lado de uma mãe carinhosa (Ruth Wilson) e de um pai mais ainda (Colin Farrell). Com a família financeiramente acabada por causa do vício do pai, um gerente de banco que se perde na bebida, a salvação talvez esteja na verdadeira Mary Poppins (Rachel Griffiths).

Avaliação: Hancock, do excelente “Um Sonho Possível”, que deu o Oscar a Sandra Bullock, faz aqui um filme quase tão belo como “Em Busca da Terra do Nunca”, o qual narrava parte da biografia do criador de Peter Pan (J. M. Barrie, aliás, inspirador da autora de Mary Poppins).
Pelo trailer, mal se pode perceber o quanto a história é boa (e é raro eu ver trailers fracos que resultem em filmes bons), pois ele foca muito na tentativa de Walt Disney de convencer L. P. Travers a ceder os direitos de filmagem de Mary Poppins quando, na verdade, o foco do filme (ainda bem) está bem dividido entre esta “luta” e a infância da autora, o amor dela pelo pai alcoólatra mas gentil e que a incentivava a nunca deixar de sonhar (e que rende os mais belos momentos do filme). Aliás, um conselho que ela felizmente seguiu, como nos mostra a estória de Mary Poppins.
Fiquem até os créditos finais, porque além das fotos dos reais protagonistas da história, aparecem divertidos trechos das gravações de Travers (as gravações dos trabalhos de roteirização e trilha foram mais uma das várias exigência da autora…).
Colin Farrell convence muito bem como o bêbado mas carinhoso e sonhador pai de Travers, Emma Thompson (Oscar de atriz e por uma adaptação de Jane Austen) está ótima no papel de Travers, B. J. Novak e Jason Schwartzman estão hilários no papel dos “rebeldes” irmãos Sherman, criadores da trilha musical e Paul Giamatti rende a figura mais simpática (e, no fundo, a mais carismática), como o motorista que Disney envia para Travers.

Obs.: Travers brigou com Disney pelo uso da animação no filme (1964) e nunca mas permitiu a ele adaptar outra de suas obras.

Sobre Roberto Blatt

Sou formado em Engenharia Eletrônica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), tenho M.S. in Computer Systems and Information Technology pela Washington International University e MBA em Administração de Empresas pela FGV. Tenho mais de 25 anos de experiência profissional na área Administrativa Financeira, desenvolvidos em empresas nacionais e multinacionais dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e serviços, vivenciando inclusive o start-up, dentro dos aspectos administrativos e financeiros e tendo atuado na gestão de equipes das áreas Administrativa, RH e Pessoal, TI, Financeira, Comunicação e Compras. Professor no Pós-Admin da FGV em Liderança & Inovação e Gestão de Pessoas. Para acessar meu blog com comentários e críticas sobre cinema, cliquem aqui ou, para artigos sobre Administração, Tecnologia e resenhas de livros, em aqui .
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