Missão no Mar Vermelho (The Red Sea Diving Resort / Operation Brothers)

Missão no Mar Vermelho (The Red Sea Diving Resort / Operation Brothers), suspense dramático e histórico de Gideon Raff, 2019. 

ENREDO: Nos anos 70, uma guerra civil consome a Etiópia, um dos países mais pobres do mundo. Não bastassem a fome e as milícias, os milhares de etíopes judeus passam a ser tachados de traidores quando a venda de armas de Israel à Etiópia é revelada e tem um fim abrupto. Com a ajuda de Kabede Bimro (Michael Kenneth Williams), um obstinado membro da coletividade, aldeias de judeus são esvaziadas e enviadas a Israel de avião, após uma travessia de centenas de quilômetros a pé e passagem por campos de refugiados no Sudão. Mas o risco permanente de que esse fluxo seja cortado impõe que o ritmo seja agilizado. Kabede consegue contato com o governo israelense, que convoca para a missão o agente do Mossad Ari Levinson (o Capitão América, Chris Evans), que então escolhe para ajudá-lo quatro ex-companheiros de missões, Sammy Navon (Alessandro Nivola), Max Rose (Alex Hassell), Rachel Reiter (Haley Bennett) e Jacob Wolf (Michiel Huisman). Ari sabe que a fuga mais eficiente é por mar, mas a faixa marítima da Etiópia é pequena, então o jeito é extrair os etíopes pelo mar do Sudão, a partir dos campos de refugiados. Depois de uma sondagem de campo, ele tem a receita: reativar o abandonado resort de mergulho Arous, numa paradisíaca praia na costa do Mar Vermelho. Convencer seu superior, Ethan Levin (Ben Kingsley), é apenas o primeiro e não muito complicado passo, mas o chefe do Mossad (Mark Ivanir) é absolutamente contra a ideia do resort e… … E pouco depois Ari está dirigindo o hotel, comprado a peso de ouro do governo sudanês e dá início a “Operação Irmãos”. Mas logo ocorre o insólito: o hotel de fachada começa a receber interessados nos mergulhos. Agora, os cinco israelenses, além de “contrabandear” caminhões de refugiados para o mar durante a noite, têm que atender a levas de turistas de dia. Ocorre que nem tudo corre bem, pois o coronel Abdel Ahmed (Chris Chalk) está desconfiado de que esses “europeus” sejam contrabandistas. Pior ainda, o governo sudanês recebe auxílio financeiro da ONU para cada cabeça de refugiado que abriga em seus campos, e o sumiço misterioso centenas de refugiados de uma vez significa uma enorme perda de receita.

TRAILER: https://youtu.be/YzFV-thA0wE

AVALIAÇÃO: Podem ter razão algumas críticas sobre o fato de o filme ser muito forçado ou de ter uma aparência muito comercial, ainda mais por ter usado como protagonista o badalado Chris Evans (Capitão América) no papel de Ari Levinson (personagem fictício, baseado no agente do Mossad Danny Limor). Mas o filme prende, o suspense é forte e a epopeia dos etíopes, sujeitos à fome, frio e calor excessivos e perseguições e massacres, tanto em solo etíope como no sudanês, é tocante. E havia sempre o risco de os cinco agentes serem desmascarados, centenas de refugiados serem mortos se pegos no resort e o fluxo de etíopes em fuga ser cortado. O grande herói da operação foi Farede Yazazao Aklum, inspiração para o personagem Kabede Bimro, que percorreu centenas de quilômetros a pé em sua missão; ou missões, porque ele ia e voltava das aldeias e sempre se recusou a deixar o país enquanto restasse um único refugiado: “ninguém fica para trás”. E, para os cinco agentes, a missão tinha um significado especial, porque, de um modo ou de outro, eram pessoas que tinham logrado escapar da perseguição nazista e sabiam o que significava ser refugiados.

Vale ficar até os créditos finais, quando aparecem fotos da equipe em ação e dos resgatados.

MAIS SOBRE A MISSÃO: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49206063 (com spoilers). E https://www.infobae.com/america/historia-america/2019/08/11/un-falso-resort-en-sudan-el-plan-mas-audaz-en-la-historia-del-mossad-para-salvar-a-18-mil-judios-etiopes/ (também com spoilers, e que dá outra versão sobre a origem primeira do resort).

Disponível na Netflix.