Nada Ortodoxa (Unorthodox)

Nada Ortodoxa (Unorthodox), drama biográfico criado por Anna Winger e dirigido por Maria Schrader, 2020. 

ENREDO: Yanky Shapiro (Amit Rahav) é extremante tímido e comandado pela mãe (Delia Mayer), assim como qualquer jovem de WIlliamsburg, um bairro em Nova Iorque, lar da comunidade ultraortodoxa judaica dos Satmar. Esther “Esty” Schwartz (Shira Haas) tem 19 anos e foi criada pela avó (Dina Doron) e pela tia (Ronit Asheri) para, como todas jovens da comunidade, ter um casamento arranjado, cozinhar e cuidar da casa para o marido, ter uma extensa prole que, como ela e Yanky, seu futuro marido, serão criados para ter uma extensa prole e… Mas Esty é diferente: sua mãe (Alex Reid) fugira de um casamento infeliz e o pai (Gera Sandler) se tornara ausente e devotado à bebida. E, assim como a mãe, Esty quer fugir da vida rígida e sem perspectivas que leva. Ela consegue ajuda para partir para a Alemanha, onde tem alguém que a ajudará. Mas, uma vez chegando lá. ela acaba se envolvendo com uma trupe de jovens e talentosos aprendizes de música, que vão ser parte importante de sua nova vida. Enquanto isso, o pobre e tímido Yanky só se dá conta da insatisfação da esposa quando a perde, e agora é forçado a acompanhar o primo Moishe Lefkovich (Jeff Wilbusch), encarregado pelo rabino (Eli Rosen) de “recuperar” Esty. Para Moishe, um religioso fã dos jogos de azar e das maravilhas da sociedade de consumo, cumprir a missão é a chance de ser aceito novamente na comunidade pelo rabino. Apesar de ser revoltante para ele ter que estar em Berlim, a cidade que foi capital do regime que destruiu a maioria de sua comunidade e os forçou ao exilio nos EUA, a “caça” a Esty lhe proporciona os prazeres mundanos da cidade. E Esty, sem dinheiro e sem estudo, está quase cercada.

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=iWMAXxa_Hu8

AVALIAÇÃO: Essa minissérie dramática de quatro capítulos da Netflix é um relato autobiográfico de Deborah Feldman (Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots), mas o destino que é dado a Esty na Alemanha é ficcional. A comunidade dos Satmar, onde vivem Esther e Yanky, é originária de Szatmár, na Hungria (atual Satu Mare, na Romênia). Apesar das aparências, talvez se possa dizer que não se trata de uma comunidade patriarcal, porque as mulheres têm papel muito forte – isso fica claro no domínio absoluto que a mãe de Yanky tem sobre ele e que tentar ter sobre Esthy. Interessante por mostrar o contraste da população homogênea do bairro ultraortodoxo – onde o sexo tem função de procriação, o homem se dedica a estudos da religião e a mulher não estuda, não trabalha e deve apenas cuidar do marido e da prole –, e a população multiétnica e multirreligiosa de Berlim. Alguns personagens de WIlliamsburg chegam a ser cômicos, como o de Michal Birnbaum, que faz a moça encarregada de ensinar as regras do sexo às jovens que estão para se casar. E o trio de protagonistas é excepcional: Amit Rahav está ótimo como o tímido marido, submisso ao rabino e à mãe (a quem conta até detalhes íntimos do casamento), Jeff Wilbusch consegue ser um Moishe muito odiável e Shira Haas está excepcional como a recatada Esty, que sua para se libertar dos dogmas sob os quais foi criada.